Jaime Damaceno devia estar conduzindo no seu veículo utilitário nada menos que dez pessoas, sendo a metade gente de sua própria família. Os outros eram passageiros normais.
A viagem compreendia o percurso Anápolis/Brasília.
Jaime, fervoroso seguidor da Doutrina Espírita, aproveitava o ensejo para fazer comentários combativos ao uso do tabaco. E, percebendo que talvez nenhum dos ocupantes da kombi tivesse coragem de refutar, fez-se mais vibrante:
- O homem que fuma não passa de escravo. O tabagismo só traz prejuízo. Imaginem que o fumante, além de ter o organismo danificado, assume despesas desnecessárias e ainda sofre o incômodo de conduzir sempre nos bolsos pacotes sem qualquer importância para o espírito.
E arrematou com ênfase:
- Os famosos maços de cigarro e caixas de fósforos de que muita gente não se afasta, são uma prova incontestável de cegueira espiritual. São coisas que não deveriam existir.
A noite já dominava os espaços, quando o carro apresenta defeito na máquina, sendo imediatamente estacionado no acostamento.
O motorista desce, abre o capô e tenta resolver o problema. Depois de algum tempo, descobre o defeito, porém, na escuridão tudo se torna difícil.
Contudo, Jaime, retornando apressadamente à cabine, diz aos passageiros:
- Encontrei a causa do enguiço, mas no escuro nada posso fazer. Alguém entre os senhores conduz fósforo?
Foi quando um homem, acomodado no banco trazeiro, respondeu de pronto:
- Sim! eu tenho fósforo. Aliás, o senhor sabe que todo “escravo” do cigarro carrega essa coisa “inútil”. . .
Jaime Damaceno, fingindo não entender a sátira, pegou o fósforo, fez luz no lugar próprio e resolveu o problema.
Nem tudo que é prejudicial é prejudicial em tudo. O bem pode surgir até mesmo das coisas mais condenáveis.
Hilário Silva (Página 36 da apostilha CURSO DOUTRINADORES, Grupo da Fraternidade Leopoldo Machado).
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